domingo, 12 de agosto de 2012

Cultura de Paz e Combate à Violência: breve reflexão


A Cultura de paz envolve os valores que pretendem humanizar a humanidade, em que o SER prevalece sobre o TER, ou seja, é um conjunto de valores, tradições, comportamentos, atitudes e estilos de vida baseados: no respeito à vida e a diversidade, a rejeição a violência, o ouvir o outro para compreendê-lo, a preservação do planeta, a busca do equilíbrio nas relações de gêneros e étnicas, na redescoberta da solidariedade e no fortalecimento da democracia e os direitos humanos. Enquanto o Combate à violência é percebido como as formas de implantação de equipamentos de segurança como câmaras de vigilância, cerca elétricas, sensores e alarmes, entre outros recursos, além de contratação de porteiros ou vigilantes. Esses equipamentos funcionam até certo tempo, porém não resolvem nada. Agem na contenção. Em outros momentos, essas formas são ineficientes por causa do método utilizado. Normalmente usa-se a violência para combatê-la.   
É bem verdade que ao escutarmos a palavra VIOLÊNCIA, entendemos de imediato o seu significado, mesmo sem saber a definição exata do termo. Isso porque nós vivenciamos cenas de violência no dia a dia, em todos os lugares e meios: na rua, nos filmes, no trânsito, no trabalho, na família, na televisão e, que se multiplica a cada dia dentro da sala de aula. E essa violência que já afeta as escolas é um mal que para ser resolvido no âmbito escolar, ou pelo menos, minimizado, necessita do empenho de todos os envolvidos nesse processo. Porém manter relações mais afetuosas, ensinar baseado no carinho e na proximidade, requer novas práticas pedagógicas que exige muito dos educadores a dedicação, o conhecimento e a criatividade; visto que, a violência está em todo o lugar, não se limitando aos muros da escola.
Diante desta realidade, as equipes gestora e pedagógica da escola, na qual eu trabalho como educadora de apoio, elaboraram um conjunto de atividades que possibilitaram um trabalho para a Cultura de paz: leitura diária de textos reflexivos que enfatizavam os valores (o SER maior que o TER), durante quinze dias, onde os alunos além de discutirem com o professor sobre o assunto principal apresentado no texto, foram convidados a realizar atividades a partir das leituras feitas: produção textos poéticos, dramatizações de fábulas, produção de gibis gigantes, de slogan e danças. No início, alguns alunos recusaram-se a fazer as atividades por acreditar que eram “bobas”, “enrolação do professor”. Com o passar dos dias, já estavam habituados a esta rotina diária. Ao término do desenvolvimento dos trabalhos, reclamaram por não termos dado continuidade.
É importante ressaltar que, durante a execução das atividades, percebemos que houve melhoramento no comportamento e nas atitudes.
No que diz respeito ao Combate à violência, utilizamos alguns equipamentos e métodos: alarmes, registro de ocorrências dentro do âmbito escolar, solicitação do apoio da Patrulha Escolar e do Conselho Tutelar. Porém, não foram suficientes para minimizar a violência (embora sejam raros os casos de violência registrados na nossa instituição de ensino).
Práticas simples como as que foram citadas no 3º parágrafo, poderiam ser frequentes no cotidiano escolar, mas infelizmente, não é possível, pois somos obrigados a cumprir os parâmetros curriculares, que muitas vezes, nos impedem de colocar em práticas inúmeras ações que favorecem, de fato, uma cultura de paz e consequentemente, o combate à violência.

Gestão Escolar e Conselho Tutelar: Art. 54, do ECA

     Quando refletimos sobre o cumprimento das leis, podemos perceber que estas nem sempre são fáceis de serem cumpridas. Nesse caso específico, do art.56, do ECA, o gestor escolar se depara com ações simples de serem colocadas em prática, porém que requerem muita cautela no seu cumprimento, principalmente no inciso I, do art., que se refere a questão dos maus- tratos envolvendo os alunos; visto que, ao ser percebido tal situação dentro do âmbito escolar cabe ao gestor denunciar ao Conselho Tutelar para evitar a conivência com os que praticam/praticaram. Essa atitude possibilita à criança e ao adolescente as alterações no seu comportamento, no seu humor e na sua capacidade de aprendizagem, pois os que sofrem maus -tratos, na maioria das vezes, reproduzem a agressividade na escola e, consequentemente, apresentam dificuldades na aprendizagem; por esta razão, é importante que o gestor compreenda que, quando se faz a denuncia, ele não estará interferindo na vida familiar, mas sim, compreendendo a escola como um espaço institucional de construção do conhecimento, formação humana e proteção social às crianças e aos adolescentes, reestabelecendo, também, a harmonia dentro desse espaço educacional.
    Com relação aos incisos II e III, deste art., quando já esgotados todos os recursos escolares, faz-se necessário informar ao Conselho Tutelar o que está acontecendo; já que, tudo que competia à escola não houve êxito, então que o Conselho seja acionado, para que pelo menos possam ser amenizados os índices de evasão escolar, repetências e faltas desnecessárias. O grande problema que vejo diante dessas situações descritas anteriormente é que, em alguns momentos nos sentimos, enquanto escola, sozinhos, pois devido à demanda de casos existentes, nem sempre o Conselho Tutelar pode atender em tempo hábil as solicitações da(s) escola(s) e como não podemos ficar de braços cruzados, esperando a situação melhorar enquanto ela piora, cabe à escola possibilitar o acompanhamento e o monitoramento da frequência dos alunos e dos motivos de sua ausência e sensibilizar a família de que “A escola e a família são fundamentais na educação e devem caminhar lado a lado, pois desenvolvem papéis que são perfeitamente comuns: a educação, a ética, a moral, a formação da cidadania.”